Burocratas do amor

outubro 1, 2009

eu-queria-ser-amor-geisa1“To do lists” intermináveis, agendas lotadas, atividade incessante.

E tem pessoas que acham que amar e expressar amor deve seguir essas mesmas regras: hora e data marcada.

Talvez, quando sobrar uma migalha de espaço na sua agenda para você se dedicar a expressar amor, seja tarde demais.

Alguns chegam ao absurdo de dizer que estão ocupados demais fazendo a obra de Deus, para se preocupar com coisas secundárias como essas. Mas como assim? Se Deus é amor, fazer a obra dEle é amar. E amar implica em não ser escravo do relógio, amor não pode ser burocratizado, incluído numa TO DO LIST: hoje, das 09:00 às 10:00 vou amar e retribuir as demonstrações de amor que tenho recebido. No resto do tempo, estarei ocupado trabalhando pra Deus, então não me peçam demonstrações de amor, pois isso eu só faço entre as 09:00 e as 10:00. Faz sentido?

Acorde! Deus não quer que você seja um “operário padrão”. Quer que você seja gente, que cansa, que precisa de descanso, de lazer, de jogar conversa fora, e que tem inclusive vontade de mandar Deus “praquele lugar” de vez em quando. Melhor admitir isso, do que usar essa fantasia de eficiência, que pode enganar quem olha de fora, mas não engana Aquele que olha o seu coração.

Deus não é seu patrão. E não vai te amar mais porque você se impõe mais metas do que pode cumprir, e por causa disso, anda mau humorado e resmungando o dia todo, dorme menos do que devia, não tem horário para se sentar e fazer uma refeição em paz, e não cumpre direito com nenhuma atividade, nem está presente de verdade em nenhuma, porque enquanto executa uma, já está pensando na atividade seguinte.

Se Ele quisesse que cumpríssemos metas sobre-humanas, e fazer o trabalho que precisaria de 40 horas para ser feito, em 24 horas, teria nos feito deuses como Ele, e não humanos.


Salvos da perfeição – Elienai Cabral Júnior

outubro 1, 2009

-image-livros-SDP_frente_web2Sobre o Livro: Não é difícil perceber, entre cristãos, um jeito “angelical” de ser. Em nome de Deus insinuamos um ideal de santidade e nos impomos uma agenda “divina”: uma vida sem contradições, dúvidas, aflições. E, pior, sem pequenos prazeres, sem alegrias banais.

Porém, o Deus bíblico insiste em se encontrar conosco não em “outra vida”, mas na vida mesma que temos. Ele quer nos ajudar a vencer a pretensão venenosa, insinuada pela Serpente, de uma vida perfeita. Salvos da Perfeição foi escrito para nos livrar deste veneno.

Um trecho do primeiro capítulo:

[…]Se Moisés vivesse em nossos dias, em uma grande cidade como São Paulo, talvez fosse um profissional liberal. Diariamente teria que cruzar a cidade, visitar clientes, enfrentar engarrafamentos, lidar com a violência, administrar o estresse da vida urbana. Certo dia, em uma dessas esquinas da cidade, ele veria algo especial. Um sinal convidativo de Deus. O espaço de seu encontro com Deus seria tão banal como o descrito no Êxodo. Portanto, nada justifica que qualquer pessoa sinta-se excluída da mesma possibilidade de encontrá-lo nas esquinas da vida.

O Deus bíblico é o Deus que se revelará a nós na próxima esquina. Ele insiste em se encontrar conosco pelas esquinas da nossa rotina, mas com frequência o desprezamos pela dureza do nosso coração: ativismo, insensibilidade, obsessão insaciável por conquistas. Porém, essa dureza de coração não é ingênua, é sofisticada. É uma dicotomia. Mistificamos ambientes e instantes, o templo e o culto, e dessacralizamos a maior parte da nossa vida, o trabalho, o quarto do casal, o trânsito e a correria diária. Dessa forma, artificializamos a vida e fugimos do confronto de nossas verdades com o divino.[…]

[…]Grande parte das nossas encrencas começa com o enfado que sentimos pela vida que temos. Enfadados, desistimos de olhar com cuidado, de encontrar valores a serem garimpados com sensibilidade na vida comum. Entediados com a vida, tornamo-nos presas fáceis dos mercadores de ilusões. É o jovem que aceita experimentar droga. É a menina pobre que torna-se prostituta na Europa. É o homem que se encanta pela mulher que não é a sua. É o religioso que se sujeita às promessas do primeiro “guru” que aparece. É a igreja que implanta pacotes de administração de igrejas estrangeiras, na busca cega por crescimento numérico. Tudo para encontrar em uma “outra vida” um entusiasmo que essa “mesma vida” parece ter esgotado.

Entretanto, se observarmos com cuidado o Deus da Bíblia, descobriremos que ele fez a opção de se encontrar conosco não em “outra vida”, mas na vida mesma que temos, nas esquinas banais da nossa existência.[…]

Salvos da perfeição – Elienai Cabral Júnior – Editora Ultimato