Charlatanismo evangélico

abril 17, 2010

Ouvi uma história absurda hoje, contada por minha mãe, que não é cristã e estava bastante revoltada com isso. Um morador do bairro, que tinha hipertensão e outros problemas de saúde, começou a frequentar uma igreja evangélica, dessas que afirmam curar qualquer doença. Pois bem. Na tal igreja, o pastor declarou que o homem estava curado, e que portanto não precisava mais tomar os remédios para regular sua pressão alta, nem seus outros problemas de saúde. O homem foi para casa, jogou fora seus remédios e interrompeu todo o tratamento médico, afirmando categoricamente que estava curado. Ninguém conseguiu fazer com que ele mudasse de idéia e voltasse aos remédios, sem os quais sua pressão arterial ficaria fora de controle.

Resultado: pouco tempo depois, o homem veio a falecer, devido aos problemas de saúde, que supostamente haviam sido “curados” pelo pastor milagreiro. Mas que obviamente não haviam sido curados coisíssima nenhuma.

Eu considero esse “pastor”, um criminoso. Um charlatão mentiroso. E não alguém que foi colocado na posição de pastor, por Deus, para cuidar das pessoas. Do contrário, não estaria destruindo as vidas de pessoas doentes, vendendo o já clássico bordão de muitas igrejas: “Pare de sofrer!”

Como se o simples ato de pisar dentro de uma igreja, e ouvir um “pastor” falar que os seus problemas não mais existem, fosse capaz de livrar você instantaneamente, num passe de mágica, de todos os problemas, de todas as doenças, da pobreza, do desemprego, das desavenças familiares, das drogas e por aí vai.

Não seja crédulo, a ponto de interromper um tratamento médico, apenas porque um pastorzinho de quinta categoria, lhe disse que você está curado.

Jesus jamais prometeu uma vida isenta de sofrimentos ao cristão.

Mas tem outro lado também, essas pessoas não vão à igreja para aprender a ser discípulos de Jesus. Vão apenas para se servir, esfregar esse gênio da lâmpada que eles imaginam que Deus seja, enquanto fazem seus pedidos, junto com todo tipo de “mandinga” para manipular Deus. Cada igreja dessas tem sua “receita de bolo”, para que os desejos dos fregueses sejam atendidos. Mas quando o freguês morre, esse “infiel” não é contabilizado nas estatísticas, nem vai alguém da família do falecido lá no púlpito, pra testemunhar que não houve cura, que o freguês morreu por ter parado com os remédios, e o pastor é um mentiroso. Tente fazer isso, tente ir ao púlpito pra dizer que o pastor mentiu, e que não houve cura alguma, pra ver se não te jogam porta afora, com direito a socos e pontapés, e sob os aplausos da multidão, enfurecida contra o petulante herege, que está tentando abalar a fé do “povo de Deus”.