Reconsiderando o Odre – Frank A. Viola

novembro 6, 2008

Prólogo

Esta obra, Reconsiderando o odre, de Frank A. Viola, é parte de uma longa e distinta série de exposições que descrevem o estilo de vida que caracterizava a igreja neotestamentária e seu efeito sobre nós no dia de hoje.
Vozes como a de Frank expressam a marca da igreja neotestamentária —a igreja é um corpo, uma família e uma noiva. Na realidade, a igreja neotestamentária é relacional. É inegável o fato da igreja neotestamentária ser relacional. Contudo, livros como este de Frank Viola, a muitos tem causado comoção. As igrejas que a maioria de nós freqüentamos, têm pouco ou nada em comum com o estilo de vida que caracterizou a igreja neotestamentária. Longe de ser um corpo ou uma família, para a maior parte
de nós a igreja é uma organização ou uma instituição. Dificilmente poderia ser mais conspícuo o contraste que há entre a forma institucional da igreja contemporânea e a forma relacional da igreja neotestamentária.
Com freqüência a igreja institucional sabe, pelo menos vagamente, que a igreja neotestamentária era algo muito diferente, mas, não obstante , segue alegremente em seu caminho, fazendo caso omisso do jeito dos primeiros crentes serem igreja. Ela pode inclusive alegar que a Bíblia é sua única autoridade em “fé e prática”, e contudo ignorar virtualmente sua autoridade prática com respeito à prática da igreja. Isso pode ser intencional. Mas o que
frequentemente ocorre é que esse impulso surge mais por ignorância, já que as igrejas institucionais são em muitos aspectos como trens. Vão em certa direção, e continuarão indo nessa direção por um tempo bem longo, ainda que todas as mãos tratem de detê-las.
Como ocorre com respeito aos trens, as opções para mudar a direção das igrejas institucionais ainda são, na melhor das hipóteses, limitadas. Se se dispõe de uma alavanca de câmbio ou de um desviadouro, o trem poderia
mudar de direção; caso contrário, simplesmente segue os trilhos em que vai. Portanto, todos os que se encontram a bordo do mesmo confiam fortemente que estão no trem certo que segue rumo à direção correta.
As igrejas relacionais, como as do Novo Testamento, são diferentes. Essas igrejas não são trens, senão grupos de pessoas que saíram para caminhar. Tais grupos se movem bem mais lentamente do que os trens —só alguns quilômetros por hora no máximo, mas podem virar num momento. Mais importante ainda, podem ser genuinamente solícitos para com o mundo que os rodeia, para com seu Senhor e uns para com outros.
Como os trens, as igrejas institucionais são fáceis de achar. Sua fumaça e seu ruído são inconfundíveis. As igrejas relacionais são um pouco mais sutis. Devido a que não anunciam sua presença com luzes intermitentes em cada cruzamento, alguns crêem que as igrejas como essas do Novo Testamento há muito desapareceram. Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Por toda parte há igrejas relacionais. Eu pessoalmente venho congregando com uma por mais de vinte anos. No entanto, grupos como o nosso caminham juntos calmamente, sem se preocupar em atrair uma indevida atenção sobre nós, porque somos simplesmente peregrinos que caminham juntos.
Contudo, uma vez que você aprende a distinguir uma igreja relacional, em breve descobrirá por toda parte grupos de pessoas que se congregam exatamente como fazia a igreja neotestamentária —como um corpo, uma família e uma noiva- e funcionando melhor do que em uma instituição. Eu pessoalmente sei de vintenas delas; e, coletivamente, esses grupos sabem de centenas ou mesmo milhares. São simplesmente grupos de pessoas que caminham com Deus. Os trens os ultrapassam o tempo todo. Às vezes, pessoas que seguem a bordo desses trens lhes sinalizam; as vezes não conseguem porque o trem se move tão rápido que aqueles que caminham a apenas alguns quilômetros por hora não passam de vultos imprecisos.
Mas tudo isto está no livro de Frank. Seu enfoque é pertinente —didático e espiritual ao mesmo tempo.
Isso lhe permite revelar a igreja neotestamentária e seu efeito sobre nós de uma forma distintiva. Evitando os mecanismos de publicação convencionais pôde disponibilizá-lo a um preço acessível.

Se você está num desses grupos de pessoas que agora caminham por aí como uma igreja relacional, Reconsiderando o odre lhe dará uma nova apreciação de suas raízes na assembléia neotestamentária. Se você está num dos trens que passam zumbindo velozmente, poderá resultar-lhe um pouco surpreendente descobrir que algumas desses imprecisos vultos coloridos que vê pela janela, são grupos de pessoas que caminham com Deus. Essa coisa que você acaba de ver passar era outra igreja relacional.

HalMiller
Salem, Massachusetts